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A partir de 09 de setembro, chega ao palco do TUSP, em  segunda temporada, o espetáculo Amarelo Distante, baseado em contos de Caio Fernando Abreu, com dramaturgia e direção de Kiko Rieser e atuação de Mateus Monteiro.

Nos anos 70, o gaúcho Caio Fernando Abreu exilou-se em Londres, e ali deparou-se com a solidão, a sensação de estrangeirismo, a precariedade em decorrência da falta de dinheiro, sentimentos ambíguos e saudosos do Brasil, da família e dos amores do passado, do presente e possivelmente do futuro. A partir dessas angústias escreveu um diário, mistura de ficção e realidade, que resultou em um dos contos que servem de fio condutor para este espetáculo.

“Lixo e Purpurina” é talvez o texto mais seco do autor gaúcho, quase que exclusivamente narrativo, e praticamente despido das fortes emoções que levaram Lígia Fagundes Telles a defini-lo como o “escritor da paixão”. Estruturado a partir do diário que escrevera em Londres (aglutinando fragmentos que misturam ficção e realidade, segundo epígrafe do próprio autor), narra as adversidades sofridas em terra estrangeira. Os repetidos entreveros com policiais, uma curta estada na cadeia por roubar um livro, os diversos trabalhos e atividades que realizava para se sustentar, os constantes despejos das casas que ocupava com inúmeros outros imigrantes de diferentes países e as privações que sofria são descritos com objetividade, precisão e até certo distanciamento. Já “Anotações sobre um Amor Urbano” é por sua vez um de seus contos mais líricos. Sem nenhum enredo como base, é a evocação de um amor passado, composta de uma sucessão de imagens poéticas que denunciam a solidão, o abandono, a repressão dos desejos, e a alteridade, bem como as consequências de escolhas errôneas.

Amarelo Distante não se fixa nos contos, mas parte deles para construir uma fabulação própria. Tomando por fio condutor a estrutura fragmentária do diário, a dramaturgia narra o autoexílio em Londres, intercalado por evocações de diferentes amores – do presente, do passado e, talvez, do futuro –, surgidas como válvulas de escape, pequenas fugas psicológicas que tornam possível a sobrevivência e enriquecem um pouco o imaginário da personagem imersa em completa miséria material e emocional. Para potencializar uma peça cujo motor principal é a palavra, e tentar expressar no palco a miséria, emocional e material, na qual se submerge a personagem, buscou-se uma encenação minimalista, centrada no trabalho do ator. Passando ao largo do realismo, o espetáculo cria imagens que tentam reproduzir o universo mental do personagem, enquanto este narra e revivifica o tempo no exílio.

Amarelo Distante | 9 de setembro a 01 de outubro (SESSÃO EXTRA: 30.09, às 21h30) | Sala Experimental
sábados, 20h; domingos, 18h | 60 min. | 14 anos | 50 pessoas | gratuito

Direção: Kiko Rieser | Texto: Kiko Rieser, baseado em contos de Caio Fernando Abreu | Elenco: Mateus Monteiro | Figurino: Cássio Brasil | Iluminação: Karine Spuri | Trilha Sonora: Kiko Rieser e Vanessa Bumagny | Fotografia: Heloísa Bortz | Arte Gráfica: David Schumaker | Produção: Kiko Rieser | Produtor associado: Mateus Monteiro | Realização: Rieser Produções Artísticas