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Há datas que parecem convocar a um balanço. A Cia. do Tijolo comemora agora dez anos de sua existência e a ocupação Cia do Tijolo: 10 Anos vem cumprir este papel com um balanço dessa trajetória de cinco espetáculos, três discos e muitos shows. O coletivo compartilha essa celebração com uma temporada e uma série de eventos especiais na Sala Multiúso do Centro Universitário Maria Antonia, resultado da parceria entre Cia do Tijolo, TUSP e CEUMA, entre agosto e setembro.

23.08 a 02.09 | Temporada Ledores no Breu R$30/R$15 | 65 min. | livre | Reflexão sobre cultura como forma de emancipação por meio do domínio da escrita, o espetáculo trata das relações entre o homem, a leitura das letras e do mundo a seu redor. Histórias de tantos leitores na escuridão, analfabetos de nosso tempo, percorrendo distâncias para elucidar suas dúvidas, erros e crimes. Monólogo de Dinho Lima Flor, dirigido por Rodrigo Mercadante, inspirado nas obras de Zé da Luz e Guimarães Rosa e no pensamento e prática de Paulo Freire. | Obs.: dia 30.08, apresentação às 21h30.

06 e 07.09 | Show Divino Misturado com os Mundos – Dom Helder12 anos | 90 min. | Espetáculo-cênico musical inspirado na vida e obra de Dom Helder Câmara, contando com textos e canções do espetáculo O Avesso do Claustro e de todo elenco do espetáculo, entre músicos e atores. Culmina num baile de carnaval com a presença de bonecos gigantes que representam os espetáculos e toda a pesquisa do Tijolo, com Patativa do Assaré, Dom Helder, Frederico Garcia Lorca, Paulo Freire e Ivone Gebara, dentre outros.

08.09 | Sarau Dionísias120 min. | Estudo Dionísias é a pesquisa da Cia do Tijolo sobre feminismo, feminino e a trajetória de luta de mulheres no Brasil e no mundo. Desse mergulho rebentam textos e canções que reverberam nos corpos e vozes das Mulheres do Tijolo e outras companheiras que engrossam o caldo poético. Este sarau surge da necessidade de seguir mergulhando, criando e compartilhando, também com o público, os frutos poéticos e musicais dos encontros. Uma festa, uma celebração a todas que seguem caminhando juntas. Poetas, artistas, pensadoras, militantes, mães: mulheres. Com Karen Menatti, Lilian de Lima, Cris Raséc, Eva Figueiredo, Clara Kok e as convidadas Vanessa Carvalho, Isabel Soares, Lizette Negreiros, Rebeka Teixeira, Gisela Lourenção, Érika Malavazzi, Dulcineia Dibo, Rosana de Lucena e Julia Mascaro, com participação especial da teóloga feminista, filósofa e freira Ivone Gebara, orientadora teórica do projeto.

09.09 | Encontro A Cabeça Gosta de Pensar, Mas os Pés Tecem a Existência150 min. | livre | A festa-celebração é um encontro no palco com todo o elenco da Cia do Tijolo: atores, músicos, diretores, produtores, criadores e equipes técnicas. Foi o jeito que a Cia. do Tijolo encontrou para juntar um bocado das pessoas com quem conviveram e que admiram e querem por perto, para tecer conversas, comentários, loas, abraços, discutir o tempo político atual e, enfim, requebrar um pouco – porque ninguém é de ferro. É o povo assentado em coletivos, parceiras e parceiros que engolem a seco, no dia a dia da labuta, um tempo de crueldades mil e desmoronamento histórico. Parceirxs bambus: vergam mas não se quebram. Em seus trabalhos-ofícios, martelam, remam e abrem as comportas para o rio soar mais forte – mesmo que seja um forte pequeno. E assim vão, remando, cutucando, vozeando o sonho dos acordados.

Cia do Tijolo, uma história, sua história: Patativa do Assaré, Federico Garcia Lorca e Dom Helder Câmara… Gerada do desejo de fazer um espetáculo a partir da obra de Patativa do Assaré, a Cia do Tijolo nasce da realização deste desejo, com os espetáculos Cante Lá que eu Canto Cá e Concerto de Ispinho e Fulô. Do encontro entre artistas com diferentes experiências de vida e teatro, a companhia começou a construção de sua história e identidade artística. Após nove meses de pesquisa e de dois anos apresentando o trabalho Brasil e mundo afora, veio o momento de mergulhar em um novo processo de criação, novos questionamentos e outros múltiplos desejos. E também o reconhecimento dos princípios éticos e estéticos que norteariam o caminhar do coletivo em seu fazer artístico.

A proximidade com a poesia como forma de discurso os impeliu a outro poeta, Federico Garcia Lorca, como fonte motriz e inspiradora para Cantata para um Bastidor de Utopias. Mas não só a forma poética que os levou de Patativa a Lorca. Poetas ambos de suas terras e de seu tempo, eles transformavam vivências cotidianas em experiências humanas universais e trafegavam com sua poesia entre o popular e o erudito. Revolucionários, cada um a seu modo: poetas engajados, sem se filiarem a partidos políticos, ambos perceberam a miséria em seu aspecto mais absurdo e a denunciaram. Carregavam em si o germe do inconformismo ante a opressão, um inconformismo expresso poeticamente.

Em O Avesso do Claustro, terceiro espetáculo, a Cia do Tijolo convidou o público a um encontro com uma das figuras mais importantes da história brasileira do séc. XX: D. Helder Câmara, o bispo vermelho, que atravessa nossa história e é personagem decisivo na construção do que se poderia chamar de um pensamento de esquerda latino-americano. Indicado três vezes ao Nobel da Paz, foi um dos mais ferrenhos aliados de presos políticos, colaborador dos sem-terra, dos sem-teto e dos moradores das favelas do Rio de Janeiro e do Recife. Incentivador das comunidades eclesiais de base e do que hoje chamamos políticas de empoderamento. Defensor de uma igreja progressista, chegou a ser conhecido como conspirador durante o Concílio Vaticano II, por sua capacidade estratégica e midiática. Dom Helder acreditou numa forma de luta política em que o povo, ao articular suas próprias demandas, se torna sujeito de sua própria história.

Cia do Tijolo: 10 anos | 23 de agosto a 09 de setembro de 2018 | quintas a sábados, 21h; domingos, 19h Teatro da Universidade de São Paulo | Centro Universitário Maria Antonia – Sala Multiúso | 72 lugares R. Maria Antônia, 294 | Vila Buarque | Próximo aos metrôs República e Higienópolis-Mackenzie 11 3123.5222 | usp.br/tusp | fb.com/teatrodauspoficial