Caminhar, experimentar, compartilhar: construindo o patrimônio andando pela cidade

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Caminhar pode significar mais do que uma mera atividade automática. Ao contrário, ela pode ser assertiva: como dizia Michel de Certeau, “existe uma retórica da caminhada. A arte de moldar frases tem como equivalente uma arte de moldar percursos.”

Como explorar a potência sensível e poética da caminhada? Como ela nos ajuda a perceber memórias, referências e traços do outro? Que tipo de experiência de aprendizagem com o espaço da cidade ela nos propicia?

Esta oficina integra o conjunto de atividades do Centro de Preservação Cultural da USP na Jornada do Patrimônio de 2019, promovida pelo Departamento do Patrimônio Histórico da Prefeitura Municipal de São Paulo.

Sobre a oficina

A oficina pretende explorar uma das mais potentes ferramentas de percepção e exploração das referências culturais urbanas: o mero ato de caminhar. A partir de uma conversa inicial sobre a memória dos participantes de sua experiência urbana e da apresentação de referenciais artísticos, teóricos e práticos, o CPC vai propor aos participantes que promovam um breve experimento de descoberta da cidade, entregando-se a ela, a fim de que se produza uma cartografia comum e partilhada dessa experiência subjetiva. No período breve de uma oficina, mais do que instrumentalizar os participantes com um aparato metodológico específico de percepção da cidade, pretendemos construir uma experiência comum de maravilhamento com o cotidiano, identificando e articulando referências culturais na paisagem vivida da cidade.

A oficina será ministrada pela equipe do CPC e será coordenada por Gabriel Fernandes.

Programa

Após uma conversa inicial, regada com algumas referências usuais da temática da caminhada como experiência estética (Guy Debord, Robert Smithson, Francesco Careri, entre outros), os participantes serão estimulados a exploraram a vizinhança em torno da Casa de Dona Yayá — primeiro a partir de uma caminhada silenciosa, lenta e coletiva, seguida de uma livre exploração do bairro do Bixiga. Retornando à Casa, construiremos uma cartografia coletiva desse acúmulo de experiências individuais e em grupo.

1. Apresentação e reconhecimento do grupo: compartilhamento de referências sobre a memória na cidade. Espaços da infância; lugares marcantes; rotinas na cidade; sensações, percepções, expressões sobre a experiência do urbano; relação entre a domesticidade e a vida pública. [14h–14h30]

2. Apresentação de referenciais usuais teóricos, práticos, estéticos e artísticos sobre a caminhada. [14h30–15h00]

3. Exercício de escuta e observação da cidade em caminhada silenciosa realizada em grupo (percurso pré-definido). [15h–15h30]

4. Exercício de descoberta da cidade, experimentando-a individualmente ou em grupo, de forma livre, sem percurso pré-definido. [15h30–16h15]

5. Reunião do grupo e compartilhamento de experiências na forma de um mapa coletivo dos arredores. [16h15–17h]

Serviço

Data e horário
18/8, das 14h às 17h

Local
Casa de Dona Yayá (Rua Major Diogo, 353, Bela Vista, São Paulo, SP)

Público-alvo
Interessados em geral no campo do patrimônio cultural — e, em especial, educadores, agentes culturais e estudantes de áreas afins.

Atividade gratuita

Inscrições

Preencher formulário em forms.gle/VvdXe3ugd41boGWRA até o dia 15/8. As confirmações serão notificadas exclusivamente por e-mail no dia 16/8.

Caso o número de inscritos seja superior à capacidade de acolhimento do CPC, haverá lista de espera. Neste caso, os critérios de seleção serão a avaliação da manifestação de interesse e a ordem de inscrição.

Orientações

Em caso de chuva a atividade não fica automaticamente cancelada: o contato com imprevisibilidade de condições de vida na cidade é parte da experiência proposta na oficina.

Recomendamos o uso de roupas e calçados confortáveis, bem como a caminhada acompanhada de água, óculos de sol, chapéus e outros eventuais acessórios (como guarda-chuva, caso haja previsão de chuva).

Ao longo da atividade estimularemos o maravilhamento com os aspectos do cotidiano, normalmente ignorados no dia-a-dia. Ao longo do percurso, os participantes serão convidados a registrar e capturar fragmentos da vida urbana de particular interesse: sugerimos, então, caminhar com a companhia de cadernos, celulares ou máquinas fotográficas. Recomendamos, no entanto, discrição no uso de equipamento fotográfico e demais formas de registro e respeito ao dia de descanso de nossos vizinhos.